5 de mai. de 2011

Ivan

Não canso de colocar aqui textos do Ivan Martins. Mas como não vou colcar?? Olhem uns trechinhos da coluna dessa semana: 

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Uma das virtudes subestimadas das relações heterossexuais é que elas permitem contato com os sentimentos e interesses do outro sexo. Isso quer dizer a outra metade da humanidade. Uma mulher, uma namorada, mesmo uma amiga – se for próxima – nos tira das obsessões masculinas e nos põe em contato carnal com um universo diferente.

Esta semana, por exemplo, eu e meus amigos só temos discutido duas coisas nas redes sociais: o jogo entre Palmeiras e Corinthians e a morte de Bin Laden. Há uma ou outra mulher nessas conversas, mas elas são predominantemente masculinas. Na hierarquia do debate das ideias, Bin Laden parece mais importante do que a princesa Kate. Na verdade, não é. Equivale, em termos retóricos, a discutir Palmeiras versus Corinthians. Tem pelo menos a mesma função simbólica: confrontar o clã do outro, medir o tamanho do pau, avançar nada ou quase nada em esclarecimento e conclusões.


Essas situações reafirmam para mim a importância de conviver de perto com a diferença. Houve um tempo, no passado, em que me parecia desejável que as mulheres fossem parecidas com seus homens. Tentei e concluí que não funciona. Desde então, percebo que as mulheres que contam não se enrolam necessariamente nas minhas bandeiras. Com algumas concordâncias essenciais de ideologias e valores, elas têm universo próprio de interesses que as tornam mais atraentes. Pode ser música, casa, família, comida, beleza, moda, cavalos, cachorros. Pode ser amigos que nada têm a ver com os meus. O importante é haver troca. Em vez de ser um problema, a diferença é o motor da relação.


Uma história miúda para ilustrar. Outro dia eu fui com a namorada comprar sapatos para ela. É outro universo. Não há só marrom, preto e dois modelos básicos, com e sem cadarço. São 30 cores e 30 modelos. A escolha pode levar horas. Como era uma loja bacana, na tarde de sábado, sentei num banco do quintal e fiquei lendo. Me deram até uma taça de champagne. De quando em quando, aparecia a namorada e me mostrava o pezinho. Um modelo mais bonito que o outro. Eu não conseguiria escolher, mas ela, afinal, escolheu. E não foi chato estar com ela. Foi bom. 

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Rapazes, prestem atenção no que esse homem diz. Ele sabe das coisas.  

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