7 de abr. de 2011

Ladrão de Casaca (To catch a thief, 1955)



Ok, vou falar de um dos meus diretores preferidos: Alfred Hitchcock. Sempre me perguntei “por que Psicose?”. Não entendo a fixação que as pessoas têm com um filme que, embora muito bom, não discrepa tento na filmografia de Hitchcock. Frise-se, inclusive, que quando falo em tal discrepância, a considero tanto positiva quanto negativamente, posto que muitas pessoas – e eu sou um deles – tem outros eleitos como “o melhor Hitchcock”. No meu caso, acredito que meu filme favorito é “Um corpo que cai” (Vertigo), por inúmeros motivos que me recuso a aduzir sob pena de tornar este post excessivamente longo. E a razão de eu começar o post com esta crítica ao approach que a maioria das pessoas têm em relação a obra de Hitchcock, é que ela esconde obras primas, entre as quais o filme que de que escolhi falar, “Ladrão de Casaca” (To catch a thief, 1955).



Basicamente a sinopse do filme é a seguinte: John Robie (Cary Grant) era um ladrão de jóias famoso conhecido pelo codinome “o gato”, devido às suas habilidades acrobáticas e ao seu hábito de fugir e esgueirar-se pelos telhados das casas. Após lutar junto a resistência francesa durante a segunda grande guerra mundial ele se aposenta e passa a levar uma vida tranqüila na riviera francesa. Sua paz é perturbada quando uma série de roubos de jóias, praticadas em total conformidade com as características de seu “trabalho”, acontece, mobilizando a policia em sua caçada. A missão de Robie é encontrar o ladrão e levá-lo à justiça antes que seja preso.



O filme é delicioso por incontáveis razões. Primeiramente é impossível não se deixar seduzir pela beleza arquitetural e natural da riviera francesa, retratada em todo o seu esplendor pelas cores pouco vivas e belas da technicolor. A ambientação é perfeita para o roteiro de amor, luxo e suspense que o filme encorpa. O filme, ainda que pouco conhecido do público (pelo menos do público brasileiro), é alvo de incontáveis referências na produção cultural que lhe sucedeu, daí haver uma certa previsibilidade dos fatos. Nada que incomode, a sensação ao assistir a película não é de enfado, mas de um certo conforto, mesmo porquê o filme, mesmo sem ser uma comédia, é levado com muito bom humor. O desempenho dos atores é ótimo, considerando-se que este filme tem mais de 50 anos e que alguma interpretação mais preocupada com verossimilhança só vai surgir muito depois. Ademais, somos agraciados com a beleza irretocável de Grace Kelly (como a mimada e impetuosa Frances Stevens) e ainda tem uma “piscada de olho” pro público, quando (e isto é típico de Hitchcock) o diretor aparece sentado próximo a uma gaiola cheia de pássaros (entendeu? Birds? Nem sei se foi essa a intenção, mas 8 anos depois ele fez o filme que foi um de seus grandes sucessos. É bem possível que ele já tivesse lido o romance que deu origem ao filme, publicado em 52, mas será que ele deu esta pista? Isto seria bem a cara dele, né?).



Há ainda uma referência ao Rio de Janeiro e um dialogo que revela a visão curiosa que o mundo nutria da America Latina. Há também outras características comuns nos filmes de Hitchcock, como a mulher que se torna perigosamente apaixonada (neste caso duas) e um certo desprezo pelas autoridades (já notaram como nos filmes dele os policiais são todos incompetentes?). De qualquer forma para mim este é um dos melhores filmes do diretor. Vale lembrar que, assim como “Um corpo que cai”, é baseado num conto francês chamado “Arsène Lupin, gentleman-cambrioleur”, principal obra de Maurice Leblanc. E é isto, espero que vocês gostem, caso se disponham a ver este que é o filme mais romântico de AH.

Gente, desculpa pelo tamanho do post, de novo! Prometo maneirar na minha prolixidade no futuro!

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