9 de mar. de 2011

O discurso do rei


O discurso do rei poderia ser uma simples cine biografia, mas vai mais além. Poderia também ser um daqueles dramas intermináveis, mas tecnicamente perfeitos, que seria muito elogiado pela critica e detestado pelo público. Também não é. Talvez por isso seja difícil falar do filme com quem ainda não viu, pois é raro um drama mostrar-se tão leve e envolvente quanto a película em questão.

O tema central do filme é superação, não (ou pelo menos não apenas) a superação dos problemas de fala do rei George VI, mas a superação de traumas e medos mais profundos que geram a gagueira. Em suma, o filme expõe a necessidade que a nação britânica tem de um rei e o conflito desta demanda com o sentimento de inadequação sentido pelo futuro rei. É o processo de superação deste sentimento de incapacidade que é focado pelo filme e a gagueira é tomada como parâmetro desta recuperação.


O sentimento de inadequação de Albert é ressaltado em certas cenas pelos planos de filmagem, onde o rei aparece nos cantos da imagem, filmado quase de baixo para cima - o que gera realmente uma sensação de desconforto, de “diminuição” do espectador. Por outro lado, em seus momentos de intimidade com seu terapeuta as câmeras tomam uma posição mais usual e a gagueira diminui, refletindo a naturalidade com que Albert encara a situação.

A fotografia e os figurinos são irrepreensíveis. A trilha sonora foi bem escolhida. É de se destacar a atuação de Colin Firth como George VI, bem como é inusitado ver Helena Bonham Carter interpretando uma mulher normal. Criticas cabem apenas a Timothy Spall, que conseguiu transformar Winston Churchill numa caricatura, e a Guy Pearce, pois não me parece que um rei abdicaria de seu trono com tanta docilidade – a despeito das circunstâncias apontadas no filme.


No geral Tom Hooper fez um filme magnífico, genuinamente merecedor de ganhar o Oscar de melhor filme, melhor diretor e melhor ator. O filme tem um ritmo perfeito, não há especo para o marasmo, o espectador sente-se instigado a continuar assistindo até o fim - e é isto que importa, pois cinema é, alem de arte, entretenimento, e como é bom quando estes dois aspectos caminham lado a lado.

Um comentário:

Jujuba disse...

Me deu vontade de ver! Vou ver.

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