7 de mar. de 2011

A liberdade é azul

Bom, é a primeira vez que falo sobre filmes aqui e para começar vou falar de um que vi a muito tempo e que me marcou. Prefiro falar de filmes bons do que falar de filmes populares ; ).


“Trois couleurs: bleu”, ou a liberdade é azul, é o primeiro da chamada trilogia das cores, onde cada filme associa-se a uma das cores da bandeira francesa e a um dos ideais da revolução de 1789. Nesta série, dirigida por Krysztof Kieslowsky para comemorar o bicentenário da revolução francesa e para celebrar a consolidação da união européia, “Bleu” desponta como o mais significante e profundo filme.
O filme se inicia com um acidente onde Julie (Juliette Binoche) perde seu marido e sua filha. Para fugir da dor que lhe consome Julie tenta escapar de sua própria vida. Ela se convence que para libertar-se de sua dor precisa libertar-se de todas as lembranças, todos os objetos, todas asa pessoas, e neste ponto sua “liberdade”identifica-se muito a idéia solidão, daí o tom melancólico do filme e, talvez, uma perfeita associação com a cor azul. Vale dizer, inclusive que a fotografia do filme é muito cuidadosa e o tom azul predomina em quase todas as cenas.


No desenrolar do filme é possível perceber a impossibilidade deste desprendimento, pois em vários momentos o passado reaparece na mente de Julie, e nestes momentos a escuridão acompanhada de musica toma conta da tela. Como é típico do cinema francês o foco aqui é o personagem, não espere, por tanto, uma história com início, meio e fim, o importante é sentir e acompanhar as transformações por que passa Julie. Esta sensação de desligamento do mundo pode ser percebida em inúmeros detalhes, como, por exemplo, na cena em que Julie conversa com a única pessoa que ainda lhe é próxima olhando fixamente para sua própria xícara de café, ou seja, as pessoas para o personagem ocupam um segundo plano ao qual ela não dá muita importância. Outras passagens, mais cheias de significado e passíveis de múltiplas interpretações, recheiam o filme dando azo a muitas discussões sobre o real intento do diretor.


É possível também perceber a recorrência de certas idéias de Kieslowsky, - como o fato de duas pessoas totalmente dissociadas terem a mesma idéia, ou uma experiência semelhante, ao mesmo tempo - assim como existem cenas dos três filmes que se conectam, o que é sempre bem recebido pelo público mais atento.

P.S.: Claro que este filme não é "acessível" a todas as pessoas, muitos podem até dormir no meio filme. Então se vc não gosta de filmes "cabeça" nem perca tempo vendo, pois eu também vou postar sobre muitos filmes "pipoca" que eu amo e que te prendem na frente da tela do início ao fim!!!

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