23 de out. de 2010

Livro - Como a geração sexo-drogas-e-rock'n'roll salvou Hollywood.

Mais uns trechinhos para dar vontade de ler:

Friedkin (diretor de O Exorcista) era um diretor técnico, muito envolvido com lentes e efeitos. Não era muito bom com atores, nem gostava deles. Ele dizia:"Prefiro trabalhar com tocos de árvores a trabalhar com atores" (em 1990, seu desejo foi realizado, em A Árvore da Maldição). Ou, então, gratava para os atores: "Você está me afundando na privada, na porra da privada!" Gostava de dar tiros no set para assustar os atores ou tocar fitas a todo volume, qualquer coisa, da trilha sonora de Psicose a rãs da América do Sul. Frequente ligava a câmera sem avisar os atores. Não tinha escrúpulos e fazia o que fosse preciso para conseguir o que queria. No final do filme, quando o Padre Karras está prestes a morrer, um outro padre lhe dá a absolvição. O diretor usou um padre de verdade, Wiliam O'Malley. Este precisou fazer uma tomada atrás da outra. Insatisfeito, Friedkin finalmente disse: "Bill, você está fazendo isso mecanicamente, sem sentimento."
"Billy, eu acabei de dar 15 extema-unções seguidas em meu melhor amigo e já são duas e meia da manhã."
"Compreendo. Você confia em mim?"
"Claro que sim", O'Malley respondeu.
Billy deu-lhe uma bofetada bem no meio do rosto, com a mão aberta. Não foi exatamente Stanislavsky e deixou os católicos da equipe chocados, mas funcionou.
"Quando fiz a tomada seguinte, minha mão tremia", diz O'Malley. "Adrenalina pura".
(...)
O Exorcista foi uma porrada. As pessoas desmaiavam, perdiam os sentidos e entravam em crise histérica. Os exibidores mantinham à mão lixeiras com areia para socorrer pessoas que não conseguiam manter o jantar no estômago. Os espectadores ficavam tão convencidos de que eles ou alguém que conheciam estava possuído pelo diabo que passavam a infernizar a Igreja Católica com pedidos de exorcismo
(...)
Mas, para a maioria das pessoas, o filme funcionou. Era apavorante. Como Bonnie e Clyde e outros filmes da Nova Hollywood, O Exorcista dava as costas para a cultura terapêutica, liberal, do pós-guerra (no filme, o psiquiatra está perdido, claramente despreparado para resolver a questão, e Burstyn não tem outro recurso senão recorrer à Igreja). No lugar da ciência, o filme oferece uma espécie de medievalismo fundamentalista. Como O Poderoso Chefão, O Exorcista antevê a iminente revolução maniqueísta da direita, com Reagan resmungando sobre o Império do Mal. Satanás é o mau pai que se muda para a casa da divorciada MacNeil, tomando o lugar do pai-marido ausente. Famílias que rezam unidas permanecem unidas e não tem encontros inconvenientes com o diabo.
(...)
Os números, de fato, foram espantosos. O Exorcista representou 15% da renda dos principais mercados em fevereiro de 1974. Quando os números da bilheteria começaram a chegar, Dick Lederer entrou na sala de Barry Beckerman, na Warner, jogou-os na mesa dele e disse: "Rapaz, a brincadeira acabou. tem caras em Nova York olhando para estes números e dizendo:'Dá pra fazer dinheiro assim com cinema, é?' Temos nos divertido muito e temos tido sucesso, mas agora, depois disto, a coisa ficou séria de verdade." Como O Poderoso Chefão, O Exorcista mudou a indústria.

Eu estou feito pinto no lixo com esse livro.

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